Um ‘tucano verde’ que perdeu parte do bico após bater na janela de um prédio foi o primeiro da espécie no Brasil a receber uma prótese em 3D (três dimensões) totalmente fabricada no país. Pelo menos seis pesquisadores, entre eles três especialistas de Santos, no litoral de São Paulo, participaram do projeto de implantação do bico artificial.
O material chamado de PLA, composto por ácido poli lático, derivado do milho, foi impresso no litoral paulista e levado até Jundiaí, no interior de São Paulo, onde a operação foi realizada no dia 24 de julho. O processo levou cerca de uma hora e foi planejado em pouco mais de duas semanas.
“O bico que encaixa no tucano é vazado com dois centímetros para dentro e a parte debaixo é fechada. Ele tem cerca de 10 centímetros no total e contém poucas gramas, bem leve”, detalha o designer Cícero Moraes.
A técnica utilizada no projeto é conhecida como fotogrametria, geralmente usada por arqueólogos e adaptada para refazer crânios, cenas de crimes e até construções arquitetônicas. “Esse tucano não conseguia comer, então, se não fizéssemos a operação ele literalmente morreria de fome. Tínhamos que pensar em algo que o ajudasse. É um trabalho voluntário que envolve muita gente, uma equipe multidisciplinar e estamos aprendendo também”, destaca.
Pouco tempo antes da segunda tentativa, o mesmo animal já havia sido submetido a outro processo cirúrgico, porém, sem sucesso. “Tentamos em primeiro momento uma prótese que foi a de bico de cadáver (o material é todo esterilizado), mas ele quebrou. É difícil encontrar o tamanho exato e a espécie, então partimos para a artificial moldada no tamanho certo”, complementa o especialista em odontologia forense, Paulo Miamoto, responsável pela impressão da prótese.
Outros três veterinários se juntaram à equipe no trabalho inédito, a anestesista Bruna Bayarri e os também especialistas em animais selvagens, Rodrigo Rabello e Matheus Rabello. "É importante ter uma equipe coesa e especializada em casos com grande dificuldade como este", salienta Bruna.
Embora já tenham sido anunciadas a preparação de outros bicos artificiais de tucano fora do país, Fecchio acredita que a implantação, de fato, tenha ocorrido primeiro no Brasil.
“É a primeira em um tucano no Brasil, posso até arriscar que é a primeira no mundo. Estamos só começando esse trabalho. O tucano, por exemplo, voltou a comer logo em seguida, o que demonstra que a operação foi um sucesso, agora é acompanhar a evolução nas próximas semanas”, conclui. O animal permanece em observação no Centro de Conservação Associação Mata Ciliar, em Jundiaí.
FONTE: G1
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